segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Publicado o Decreto

DECRETO N.º 30108 DE 25 DE NOVEMBRO DE 2008.

Dá nome à Grande Sala da Cidade da Música Roberto Marinho.

O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, no uso de suas atribuições legais, e
considerando a importância do Maestro, Compositor e Professor José de Lima Siqueira (1907 –1985) para a Cultura Musical de nosso País;

considerando que a Orquestra Sinfônica Brasileira, a Academia Brasileira de Música, a Academia Brasileira de Artes, a Ordem dos Músicos do Brasil e os Concertos para a Juventude devem suas criações também a este Ilustre paraibano visionário, que, mesmo alijado, por ditaduras, da história brasileira, sendo proibido de lecionar, gravar e reger, sempre defendeu arduamente a cultura musical brasileira;

considerando que a Cidade da Música Roberto Marinho é o lugar ideal para se registrar uma homenagem a tão ilustre, reconhecido internacionalmente, defensor da nossa Cultura Musical;

DECRETA

Art. 1.º A Grande Sala da Cidade da Música Roberto Marinho denominar-se-á Grande Sala Maestro José Siqueira.

Art. 2.º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Rio de Janeiro, 25 de novembro de 2008 - 444º ano da fundação da Cidade.

CESAR MAIA

ANEXO ÚNICO

JOSÉ DE LIMA SIQUEIRA - BIOGRAFIA

José de Lima Siqueira (1907 – 1985) nasceu em Conceição, no Vale do Piancó, no alto sertão do Estado da Paraíba.

Maestro, acadêmico e compositor, reconhecido em nível internacional, fundador de vários institutos de música e arte , exerceu papel de liderança de suma importância no meio musical de sua época, tornando-se uma das grandes figuras da música brasileira no século XX.

O jovem Siqueira viveu tão isolado do mundo que, até os 20 anos de idade, nunca vira um piano. Seu pai, mestre de banda, ensinou-o a tocar diversos instrumentos, como o saxofone e o trompete. Durante sua juventude, atuou em bandas de música de várias cidades do interior da Paraíba.

Veio para o Rio de Janeiro (1927), então capital da República, como integrante das tropas que tinham sido recrutadas para combater a Coluna Prestes e logo ingressou na Banda Sinfônica da Escola Militar, como trompetista.

No Rio de Janeiro, tornou-se um organizador da vida cultural com sua percepção social e política progressista. Era também advogado e jornalista. Escrevia artigos regulares para o "Correio da Manhã" que hoje, se revistos, retratam todo o painel musical e social a partir dos anos 1930.

Estudou (1928-1930) composição com Francisco Braga e Walter Burle-Marx, no antigo Instituto Nacional de Música, formou-se em Composição e Regência (1933) e iniciou sua brilhante carreira de compositor e regente no Brasil e no exterior, em grandes orquestras dos Estados Unidos, Canadá, França, Portugal, Itália, Holanda, Bélgica e Rússia, entre outros países. Regeu nos Estados Unidos grandes orquestras como a Sinfônica de Filadélfia, Detroit, Rochester.

Na França, regeu a Orchestre Radio-Symphonique, de Paris, e, em Roma, a Sinfônica de Roma, entre outras. Foi professor da Escola de Música da Universidade do Brasil, hoje da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fundou a Orquestra Sinfônica Brasileira (1940) e formou-se em Direito (1943). Viajou pelos EUA e Canadá e fundou a Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro (1949), fechada 2 anos depois. Quando esteve em Paris (1953), freqüentou o curso de musicologia da Sorbonne.

Oficializou junto ao prefeito Miguel Arraes, a Orquestra Sinfônica do Recife, a mais antiga do país. Idealizou e criou a Ordem dos Músicos do Brasil, assumindo a sua Presidência (1960). Fundou a Orquestra Sinfônica Nacional (1961) e da Orquestra de Câmara do Brasil (1967).

Criou a Orquestra Sinfônica Brasileira – OSB no periodo da Segunda Guerra Mundial (1940) , quando muitos músicos europeus vieram fugidos para o Brasil, principalmente para o Rio, que era a capital. O maestro, ao criar a orquestra, além de trabalhar para a união da classe, vislumbrou nesses músicos potenciais professores para uma geração de músicos Mesmo sendo um homem de esquerda, criou a OSB nos moldes capitalistas. Era a primeira orquestra independente, profissional e privada do Brasil com a ajuda dos principais financiadores da arte brasileira como Roberto Marinho e a família Guinle.

Empreendedor, visionário e dono de grande personalidade, figura incomparável do mundo cultural brasileiro, escreveu livros didáticos, compôs para todos os instrumentos e se aventurou por um terreno perigoso na época, o das influências africanas. Foi aposentado (1969) pela ditadura militar devido à sua pregação democrática.

Proibido de lecionar, gravar e reger, encontrou abrigo na extinta União Soviética, onde regeu a Orquestra Filarmônica de Moscou e participou como jurado de grandes concursos de música internacionais. Também foi em Moscou que boa parte de sua obra foi editorada e preservada.

Deve-se a ele, ainda, a criação da Orquestra de Câmara do Brasil, da Sociedade Artística Internacional e do Clube do Disco. Dentre os vários livros didáticos que publicou, temos os seguintes: Canto Dado em XIV Lições, Música para a Juventude, em quatro volumes, Sistema Trimodal Brasileiro, Curso de Instrumentação, entre outros.

Faleceu aos 78 anos, na cidade do Rio de Janeiro, no dia 22 de abril de 1985, deixando uma vastíssima obra composta de óperas, cantatas, concertos, oratórios, sinfonias e até música de câmara, para instrumentos solos e para voz. A cadeira nº 8 da Academia Brasileira de Música, fundada (1945) por Heitor Villa-Lobos, nos moldes da Academia Francesa, foi alocada para ele como co-fundador.

Como compositor, é dos que revelam com mais força a influência da escola nacionalista. Tinha uma paixão absorvente pelo folclore, que utilizou tanto em obras pequenas como em vastos oratórios.

Em um período em que o negro ainda era bastante discriminado e sua contribuição para a nossa cultura muito pouco reconhecida, José Siqueira criou uma série de peças orquestrais como o bailado "Senzala", a cantata negra "Xangô", gravada em Paris, a suíte "Carnaval Carioca" e, para muitos, a sua obra-referência, "Candomblé". Ele passou alguns meses freqüentando um terreiro em Salvador para escrever aquele oratório dando sua visão musical do ritual. Esta peça tem a marca da sua irreverência e é ousada para a época. Ele pegou uma forma católica de expressão para falar de um ritual afro-brasileiro, mas juntando a essa temática seus conhecimentos sobre compositores modernos como Stravinsky.

Suas principais composições são A compadecida e Gimba (óperas); e Candomblé, Senzala, Festa na Roça e Danças Brasileiras (para orquestra), além de canções.

FONTE:

1) Sons na escuridão - João Pimentel - Segundo Caderno do Jornal O Globo – de 6 de fevereiro de 2007

2) Sitio Wikipedia (
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_de_Lima_Siqueira), acessado em 24/11/2008.

3) Sitio da Universidade Federal de Campina Grande - Paraíba (
http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/JoseLSiq.html), acessado em 24/11/2008.

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